Primeiros destaques do Doclisboa' 23

Entre os títulos divulgados no comunicado do DocLisboa encontra-se "Ospina Cali Colombia”, de Jorge de Carvalho, que se foca num encontro com o realizador em Lisboa e acompanha-o enquanto fala da sua vida e do seu trabalho prolífico. O filme passará na secção Heart Beat do festival – e tem o seu contraponto perfeito no filme póstumo de Ospina, "Silent Witnesses” (Jeronimo Atehortua Arteaga, Luís Ospina), colagem cinematográfica que (também) conta uma história, do cinema mudo colombiano na primeira metade do Século XX a partir de todo o material sobrevivente da época.

Na secção Da Terra à Lua apresenta-se a visão íntima da realizadora Sara Dolotadabi sobre o seu pai, o escritor iraniano Mahmoud Dowlatabadi – autor da mais longa narrativa escrita em língua persa – duplamente abençoado e amaldiçoado pelo percurso da escrita e da história do seu país, em "An Owl, A Garden & The Writer”. "A Câmara”, de Cristiane Bernardes e Tiago Aragão, estará em estreia mundial no Doclisboa. Trata-se de uma obra que acompanha mulheres eleitas de diferentes espectros políticos, que exercem o seu cargo na Câmara dos Deputados durante o último ano do governo de Jair Bolsonaro.

"L’amitié”, de Alain Cavalier, filma os laços que o ligam àqueles que sabem consigo partilhar o espaço, quer seja à frente ou atrás das câmaras. À seleção de filmes confirmados desta secção do festival, junta-se ainda o último de Frederick Wiseman, "Menus Plaisirs - Les Troigros”, que mostra várias perspetivas no momento crucial da passagem do afamado restaurante à mais nova geração da família, que o mantém há já quatro.

Além de "Ospina Cali Colombia”, de Jorge de Carvalho, a secção Heart Beat exibe "Joan Baez I Am Noise”, de Karen O’Connor, Maeve O’Boyle e Miri Navaski, retrato pessoal da alma da lenda da folk e ativista Joan Baez. É uma experiência imersiva, que segue a cantora na sua última tour e que recupera do seu extenso arquivo documental. 

Outra das obras programadas é "Nôs Dança”, de Rui Lopes da Silva, uma viagem com o bailarino e coreógrafo António Tavares às ilhas de Cabo Verde, revelando as danças espalhadas pelo arquipélago, os ritmos tradicionais e os estilos contemporâneos. 

"Asif Kapadia”, um filme que é uma união das linguagens da dança e do cinema, "reinterpreta uma coreografia de Akram Khan: Creature é o desenrolar de uma conversa fascinante entre dois géneros e entre dois criadores; além disso é também uma reflexão poderosa sobre o autoritarismo, a crise climática, o amor e a perda”, descreve a organização do festival.

Por fim, destaca-se "Nam June Paik: Moon is the Oldest TV”, de Amanda Kim, que conta a história de como o mais célebre artista coreano e pioneiro da videoarte, se tornou famoso em Nova Iorque, e de como previu o futuro que é, hoje, o nosso presente.

O festival já tinha anunciado anteriormente duas retrospetivas: a primeira, "O Documentário em Marcha: Conturbados Anos 30 na América do New Deal", dedicada ao conjunto de cineastas radicais que, em plena Grande Depressão, lutaram para fazer nascer o novo género do Documentário Social como instrumento de mudança sociopolítica nos EUA.

A segunda será sobre a obra de Anastasia Lapsui e Markku Lehmuskallio (Finlândia), que dedicaram as suas vidas e o seu trabalho conjunto aos povos indígenas nórdicos. A filmografia inclui a primeira longa-metragem finlandesa em que o povo indígena Sami fala a sua própria língua, bem como Seven Songs from the Tundra, o primeiro filme narrativo de sempre na língua Nenets.

O país convidado da 5ª edição do Nebulae é a Finlândia, e o festival vai acolher 8 projetos finlandeses para uma sessão de apresentação e encontros com profissionais do sector. 

No seguimento da celebração do cinema finlandês, a escola convidada da secção Verdes Anos vai ser a Uniarts Helsinki - um programa de filmes de estudantes desta escola vai ser apresentado e uma delegação de alunos vai estar no Doclisboa.