"Do filme à Série"

O século XX produziu muitas séries, mesmo na época do cinema mudo, como testemunham os filmes do realizador Louis Feuillade. É interessante seguir a evolução da sua "série” Les Vampires, estreada nos cinemas em 1915: esta obra de sete horas e vinte minutos, repartida em vários episódios, inspirou Olivier Assayas para fazer um filme sobre a mesma em 1996, Irma Vep, e depois uma minissérie de oito episódios de 56 minutos, que estreou com o mesmo título em 2022. O exemplo é emblemático. Há muitas ligações entre o cinema e as séries, sobretudo hoje em dia, quando vimos que cada vez mais cineastas se voltam para as séries.

A distribuição dos papéis, das funções e até do poder mudou: o argumentista de séries já não é solitário ou relegado para segundo plano, o produtor torna-se por vezes um showrunner e, nesta nova configuração, o realizador pode ter dificuldade em aceitar uma posição diferente. É esta tectónica de placas que se pretende analisar, segundo a organização, durante este dia de reflexão.

PROGRAMA 

França e Portugal têm uma longa e rica história de cooperação no sector cinematográfico. E as séries? E, mais especificamente, no contexto europeu, as coproduções em série? Como é que as instituições que tutelam o sector audiovisual nos dois países, o CNC e o ICA, trabalham em conjunto?

Diálogo entre:

- Anick Bilreiro, vice-presidente do ICA (Instituto do Cinema e do Audiovisual - Portugal);

- Mathieu Fournet, conselheiro para os Assuntos Internacionais da Presidência do CNC (Centre national de la cinématographie et de l'image animée - França).

Por Catarina Duff Burnay, professora da Universidade Católica Portuguesa (Faculdade de Ciências Humanas).

Numa altura em que cada vez mais cineastas se dedicam a realização de séries, muitos ficam surpreendidos ao descobrir que a criação de uma série difere da realização de um filme, especialmente ao nível do guião. O lugar do argumentista no processo criativo, a sua relação com o realizador e as técnicas utilizadas na escrita são profundamente diferentes. A isto junta-se a evolução dos contratos com as plataformas e o papel dos agentes no trabalho com os criadores.

Diálogo entre:

- Virginie Brac, argumentista (Engrenages, Cheyenne et Lola, Coeurs noirs);

- Catherine Winckelmuller (agente da Virginie Brac, fundadora da agência "Agents associés", que representa Guillaume Nicloux, Anne Landois, Pierre Schoeller).

As profissões ligadas às séries são diferentes das da indústria cinematográfica, pelo que é essencial formar os futuros profissionais. Cada vez mais escolas e universidades europeias estão a assumir este papel, tal como os festivais de séries, que estão a fazer a sua parte para transmitir os conhecimentos: uns promovendo as séries como uma forma de arte, outros instituindo uma estrutura de formação profissional.

Mesa redonda com :

- Manuel Jose Damásio, Professor da Universidade Lusófona de Lisboa;

- Nathalie Coste-Cerdan, diretora da escola nacional de cinema La Fémis (França);

- Pierre Ziemniak, diretor dos programas de Series Mania Institute.

Contrariamente ao cinema, o financiamento de séries requer a presença de um organismo de difusão desde muito cedo: o papel dos canais e das plataformas é essencial para a realização dos projetos. Quais são as práticas atuais em Portugal e na Europa? Quais são as missões dos organismos responsáveis pela promoção dos sectores cinematográfico e audiovisual?

Mesa redonda com :

- José Fragoso, Diretor da RTP1 e da RTP Internacional;

- Nuno Fonseca, Conselheiro para os Assuntos Internacionais do ICA;

- Sarah Hemar, Diretora do Audiovisual da Unifrance.

Por último, é importante ouvir aqueles que em Portugal, e também em França, já estão a praticar esta "tectónica de placas” de que falaremos ao longo da tarde.

Mesa redonda com:

- Edgar Medina, produtor e argumentista de Arquipélago filmes (Causa Própria, Sul);

- Ivo Ferreira, realizador (Cartas da Guerra, Hotel Império);

- Lauraine Heftler, produtora de The films TV (Jeune et Golri, On the Verge);

- Luís Urbano, produtor de O Som e a fúria (Tabu, Cartas da Guerra);

-Pandora da Cunha Telles, produtora e cenarista de Pandora filmes (Amadeo, A espia);

- Patrícia Sequeira, realizadora (Rabo de peixe, Jogo de Dama).

Sessão apresentada pelo Sr. Bruno Patino, Presidente da Arte, em conversa com Carole Desbarats.

Os encontros e debates serão moderados por Carole Desbarats, diretora artística das Rencontres du Havre sur les Séries e curadora do evento.

Participação sobre inscrição prévia e sujeita à lotação do espaço através do formulário.