7 dias com muito terror e filmes censurados
09/09/2024
A 18.ª edição do MOTELX - Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa começa amanhã e promete assombrar o cinema São Jorge com estreias exclusivas, muitas curtas portuguesas, filmes proibidos pelo Estado Novo, talks entre outras atividades.
Uma dose reforçada de curtas-metragens portuguesas, filmes banidos pelo Estado Novo e a nova longa-metragem de Edgar Pêra, "Cartas Telepáticas", estreada recentemente no Festival de Locarno, são algumas das novidades do MOTELX - Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa, que decorre de 10 a 16 de setembro no cinema São Jorge.
Esta é uma edição que dá a conhecer o melhor cinema de terror que se está a fazer em Portugal. A competirem pelo Prémio MOTELX - Melhor Curta de Terror Portuguesa 2024 - o maior prémio monetário para curtas-metragens do país e a competição mais importante do Festival - estão: "After Link”, de Catarina De Cèzanne; "Holofote”, de Camilla Ciardi; "Menor que Três”, de Dan Martin, Sofia Pessoa Pádua, Mariana Cabecinha e Cláudio Monteiro; "The Night Hunter”, de Paulo Leite; "Parem de Olhar para Mim”, de Carolina Aguiar; "Penrose”, de Alessandra Roucos e Maria Teresa Teixeira; "O Procedimento”, de Chico Noras; "Putto”, de Carlos Calika; "Santanário”, de João Pedro Frazão; e "Umbral”, de Miguel Andrade.
Também há oito títulos nacionais a disputar o Prémio Méliès d’argent - Melhor Curta Europeia: "Antes do Nascer da Lua”, de Mário Patrocínio; "O Camaleão”, de Tiago "Ramon” Santos; "Canto”, de Guilherme Daniel; "Estéril”, de João Pais da Silva; "The Hunt”, de Diogo Costa; "Nuclear”, de David Falcão; "Quanto Pesa um Corpo?”, de Gabriel Nery; e "Unicorn Hunting”, de Miguel Afonso.
Destaca-se ainda uma nova secção, a Sala de Culto, onde serão exibidas obras como o telefilme "Experiência em Terror” (1987), de Andrade Albuquerque e "O velho e a espada” (2024), totalmente criado com amadores com base num conto de Dick Haskins (pseudónimo do realizador Fábio Powers), uma ode à série B, rodada na Beira Baixa.
Alinhado com as comemorações dos 50 anos da Revolução dos Cravos, o MOTELX preparou o ciclo "A Bem da Nação - Filmes de Terror Proibidos pelo Estado Novo”, com quatro obras censuradas. São elas: "Il Demonio”, de Brunello Rondi (1963), "The Plague of the Zombies”, de John Gilling (1966), "10 Rillington Place”, de Richard Fleischer (1971), e "Valerie and Her Week of Wonders”, de Jaromil Jires (1970). Além destas, há uma sessão surpresa que terá lugar na Sala Rank do Cinema São Jorge, onde se diz que a censura via e classificava filmes.
Segundo o festival, entre 1944 e 1974 estrearam-se apenas 23 filmes de terror nos cinemas portugueses, 16 foram totalmente proibidos e apenas um estreou sem cortes.
Em 2024, a secção Quarto Perdido acrescenta ainda mais filmes de cineastas definidores do terror português. "A Culpa” (1980) representa a estreia em cinema do compositor e maestro António Victorino D’Almeida (com presença garantida na sessão) e um dos primeiros exemplos de ficção, depois do 25 de Abril, sobre a guerra colonial. A viagem pela filmografia de género do país tem outra paragem em "As Desventuras de Drácula Von Barreto nas Terras da Reforma Agrária” (1977), uma curta-metragem desenvolvida pela Célula de Cinema do PCP.
Entre as propostas internacionais do mais recente cinema de terror, destacam-se "Cuckoo”, do alemão Tilman Singer, a produção canadiana "Humanist Vampire Seeking Consenting Suicidal Person”, de Ariane Louis-Seize, e "Sasquatch Sunset”, apresentado como uma fantasia dos irmãos David e Nathan Zellner, exibido este ano em Sundance, e inspirado na figura do "Bigfoot”. Da Europa, chegam o irlandês "Oddity”, pesadelo paranormal de Damian Mc Carthy - uma das revelações do último SXSW - , e o francês "Plastic Guns”, de Jean-Christophe Meurisse, autor de "Laranjas Sangrentas”.
Também há filmes para os mais novos, nomeadamente, a longa-metragem de animação "Flow”, de Gints Zilbalodis, exibida em Cannes e premiada em Annecy, sobre um gato, independente e solitário, que terá de aprender a viver com outros animais num barco, na sequência de umas cheias.
Fora do ecrã, haverá uma apresentação da enciclopédia "I Spit On Your Celluloid: The History of Women Directing Horror Movies”, de Heidi Honeycutt, sobre as mulheres que fizeram cinema de terror, numa conversa moderado pela associação MUTIM - Mulheres Trabalhadoras das Imagens em Movimento.
Ainda no campo das competições, o MOTELX retoma a parceria fundada o ano passado com o GUIÕES - Festival do Roteiro de Língua Portuguesa, que celebra a sua 10.ª edição, para eleger o melhor dos cinco argumentos de terror selecionados para longas-metragens ainda não produzidas, o Prémio MOTELX GUIÕES 2024.
A SectionX apresentará médias-metragens experimentais "Mamántula” (Alemanha, Espanha), de Ion De Sosa, e "Anapidae (Appelle-moi)” (França), de Mathieu Morel. E como não podia deixar de ser, a 18.ª edição do MOTELX apresenta também uma seleção de curtas-metragens internacionais, uma mostra do melhor que se faz pelo mundo do terror em formato curto: "The Cost of Flesh", de Tomas Palombi; "Dream Creep", de Carlos A. F. Lopez; "Meat Puppet", de Eros V; "RAT!", de Neal Suresh Mulani; "Strangers Like Us", de Felix Krisai e Pipi Fröstl; "Wander to Wonder", de Nina Gantz; "We Joined a Cult", de Chris McInroy; "Scalp", de Frederico Majerus; e "Where The Mountain Women Sing", de Juefang Zhang.
O Festival termina a 16 de setembro.
Programa completo disponível no site do evento.