MARCO MARTINS DE VOLTA A VENEZA. COM ELE, LEVA SÃO JORGE

12/08/2016
Icon artigo
É o único filme português a integrar a seleção oficial da 73ª edição do Festival Internacional de Cinema de Veneza, certame que decorre entre os dias 31 de agosto e 10 de setembro.

"São Jorge” vai competir na secção Orizzonti, uma secção paralela à competição oficial que aposta em filmes mais experimentais e que representem as novas tendências criativas no cinema. Terrence Malick, Tom Ford, Emir Kusturica, Stéphane Brizé, Lav Diaz, Andrei Konchalovsky, François Ozon ou Wim Wenders são alguns dos nomes em destaque na programação deste ano.

 

UM REENCONTRO DE TALENTOS

Não é a primeira vez que Marco Martins leva a sua visão ao conceituado Festival Internacional de Cinema de Veneza. Já o fizera antes, em 2006, com a curta-metragem "Um Ano Mais Longo”. Também não é a primeira vez que o realizador português escolhe o ator Nuno Lopes para ser o protagonista e encher a história com a sua genialidade interpretativa. A primeira vez foi no premiado filme "Alice”, em 2005.

"São Jorge” reforça a empatia entre os dois e volta a sublinhar que o cruzamento das expressões artísticas de ambos tem sempre um final feliz. Mas em "São Jorge” há mais talento(s) do costume. Do elenco, fazem parte outros nomes habituais nas escolhas de Marco Martins, como o de Beatriz Batarda, Gonçalo Waddington ou Clara Maciel, todos eles também donos de papéis em "Alice”. Em "São Jorge, a atriz brasileira Mariana Nunes acrescenta o seu talento ao do grupo.   

UMA LUTA FORA DO RINGUE

O argumento é assinado pelo próprio Marco Martins, mas também pelo escritor Ricardo Rudolfo com quem o realizador português fez questão de partilhar a génese do projeto. Como pano de fundo, está um Portugal atordoado, a mergulhar lentamente nas profundezas do desânimo, mas também à beira de um ataque de nervos. São os efeitos da intervenção da "troika” no país e a implacável crise financeira que atingiu os seus costumes.

Numa Lisboa mais suburbana, a viver a angústia do desemprego (entre dívidas e dúvidas), está Jorge. E quem é Jorge? É um pugilista amador que aceita um emprego numa empresa de cobranças difíceis para tentar desviar-se do rumo que entretanto a sua vida quase tomou como certo. Este é o ponto de partida para tudo o que vem depois.

Acaba por ser filme muito social, com traços muito vincados de atualidade. É que, na tela, a ficção mistura-se intencionalmente com a realidade que surge em jeito de documentário. Pelo meio das falas previamente escritas, há gente de verdade com gestos e posturas reais da vida que vão levando. Não são atores, são as pessoas de todos os dias que testemunham as mudanças das rotinas e dos sonhos.  

O filme terá honras de abertura na secção Orizzonti, às 2:30pm do dia 1 de setembro (Sala Darsena).





MAIS PORTUGAL EM VENEZA

Há mais dois filmes com um toque português, entre os escolhidos para a programação do festival italiano. O toque é novamente do produtor português Paulo Branco que, com a Leopardo Filmes, assinou a co-produção de "Os Belos Dias de Aranjuez”, de Wim Wenders, e "À Jamais”, de Benoît Jacquot.

Em competição, "Os Belos Dias de Aranjuez” é um filme baseado na obra do escritor Peter Handke e o primeiro de Wenders a ser rodado em França. Nas telas de Veneza, vai ser exibido na sua versão 3D, sendo um dos grandes candidatos ao cobiçado Leão de Ouro. Fora da competição, estará "À Jamais”, película totalmente rodada em Portugal, que conta com o talento de vários atores portugueses, como Victoria Guerra, José Neto, Elmano Sancho e Rui Morisson.

Não é a primeira vez que as produções de Paulo Branco estão representadas no certame italiano. Na 63ª edição do festival, o produtor foi inclusivamente convidado para ser um dos elementos do júri do festival. 

Utilização de cookies: Ao continuar a sua navegação está a consentir a utilização de cookies que possibilitam a apresentação de serviços e ofertas adaptadas aos seus interesses. Mais informações