CLERMONT-FERRAND, A PAIXÃO PELAS CURTAS

18/12/2015
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Um dos maiores e mais relevantes festivais dedicados a curtas-metragens está a poucos meses de voltar. O Festival de Curtas-metragens de Clermont-Ferrand arranca em fevereiro de 2016 e duas obras portuguesas foram selecionadas para a competição internacional.

A Glória de Fazer Cinema em Portugal, de Manuel Mozos, e O Guardador, de Rodrigo Areias,  foram os filmes selecionados para a competição internacional do Festival de Curtas-metragens de Clermont-Ferrand. A seguir ao Festival de Cannes, este é o festival de cinema em França com maior afluência de espetadores. 

 

A GLÓRIA DE REPRESENTAR O CINEMA LUSO



Diz a sinopse de A Glória de Fazer Cinema em Portugal que a "(...) 18 de setembro de 1929, José Régio escreveu uma carta a Alberto Serpa onde manifestou a vontade de fundar uma produtora para começar a fazer cinema. Para isso, pediu-lhe que contactasse um amigo seu, que teria uma câmara de filmar. Durante quase noventa anos, nada se soube sobre o desfecho deste pedido: nunca se encontrou qualquer resposta de Serpa à carta e Régio não terá voltado a mencionar o assunto. Porém, a descoberta de velhas bobines no espólio de um colecionador, parece conter o desfecho desta história.” Recentemente, o filme de Manuel Mozos venceu o prémio de melhor curta-metragem no Festival de Cinema Luso-brasileiro, em Santa Maria da Feira, e agora tem a oportunidade de fazer o mesmo em França.  A Glória de Fazer Cinema em Portugal estreou em julho de 2015 no 23º Curtas de Vila do Conde e, desde então, foi também premiado no DocLisboa e distinguido com uma menção honrosa no Festival Caminhos do Cinema Português. 

PORTUGAL, BEM GUARDADO



O Guardador
, de Rodrigo Areias, surgiu a propósito de um convite da Universidade da Beira Interior e, por isso mesmo, foi rodado na Covilhã. É a crónica de Constantino, um homem que, de dia, guarda o seu rebanho e, à noite, é vigilante num museu. "Trabalha continuamente por não ter onde viver. Aurora cruza-se com ele ao início e ao fim do dia até que ganha coragem para o interpelar. " Numa produção bem poupada, o filme envolveu apenas 1 atriz, 30 estudantes da UBI e 1 câmara de bolso. O Guardador inspira-se em 4 livros — Constantino, O Guardador de Vacas e de Sonhos, de Alves Redol, O Guardador de Rebanhos, de Alberto Caeiro, O Capital de Karl Marx e A Lã e a Neve, de Ferreira de Castro. A obra esteve também em competição no 23º Curtas de Vila do Conde e, a propósito de competições e outros festivais, recentemente falámos com o realizador sobre a estreia do seu novo filme no Festival de Cinema Luso-brasileiro.

MAS HÁ MAIS CINEMA PORTUGUÊS NO FESTIVAL

Mais 86 filmes, para sermos exatos. Foi este o número de filmes portugueses que se inscreveram no festival e que, apesar de não terem sido selecionados para a competição internacional, vão estar disponíveis para visualização. A razão é simples e é um dos aspetos que torna este festival tão singular — todos os filmes inscritos para as competições estão automaticamente listados no catálogo do Mercado de Curtas-metragens, mesmo que acabem por não ser selecionados para exibição. Ao estarem neste Mercado, os filmes ficam disponíveis para visualização em cabines de uma videoteca e também na página oficial do festival, a partir do 1º dia do festival e durante os 9 meses seguintes.  Consulte a lista dos 86 filmes portugueses aqui


SOBRE O FESTIVAL

O Festival de Curtas-metragens de Clermont-Ferrand atrai uma média de 100 mil espetadores anuais. O prémio principal, chamado "Grand Prix”, é de 4000 euros e há 3 secções competitivas — a competição internacional, a competição Lab (dedicado ao cinema experimental) e a competição nacional, direcionada em exclusivo para as curtas francesas. A 38ª edição do Festival de Curtas-metragens de Clermont-Ferrand decorre de 5 a 13 de fevereiro de 2016. 



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