ALBERTO SEIXAS SANTOS — O REALISMO UTÓPICO

25/03/2016
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No passado dia 21 de março, a Cinemateca Portuguesa deu início à retrospetiva integral da obra de Alberto Seixas Santos, com a projeção de "E O Tempo Passa", a sua mais recente longa-metragem.
O ciclo, intitulado "Alberto Seixas Santos — O Realismo Utópico" decorre até 30 de março e pretende ser um retrato da obra de uma figura incontornável do cinema português.
 

PENSAR PORTUGAL ATRAVÉS DO CINEMA

Nascido em Lisboa em 1936, Alberto de Seixas Santos estudou história e filosofia e, a partir de 1958 (e até aos anos 70), desenvolve atividade como crítico de cinema em publicações como Imagem, Seara Nova, O Tempo e o Modo, Diário de Lisboa, Diário Popular, Letras & Artes, M - Revista de Cinema. Foi também dirigente do ABC – Cineclube de Lisboa até aos anos 60, altura em que a paixão pela sétima arte o leva a estudar na Cinemateca Francesa em Paris e na London Film School. Segundo o próprio, este período de formação foi marcado pela influência do neorrealismo e das correntes de vanguarda promovidas pela publicação Cahiers du Cinéma, bem como as referências clássicas do realizador francês Jean Renoir e do alemão Fritz Lang.









A sua carreira como realizador começa com a produção de documentários institucionais no final dessa mesma década, sendo que a partir dos anos 70 inicia a produção de curtas e longas metragens. A obra de Seixas Santos pauta-se por um estilo de realismo que se cruza com um questionar da natureza da realidade. Os seus filmes destacam-se pelos finais em aberto e pelos retratos de um Portugal contemporâneo e em mutação. Elementos que levam a que Seixas Santos se descreva como "realista utópico”.

RETROSPETIVA

Para homenagear esta figura incontornável do cinema português, a Cinemateca está a realizar uma retrospetiva das suas curtas e longas metragens, abrangendo toda a sua carreira e atravessando vários períodos da história do cinema português, desde os anos 60 do século XX até à atualidade.

O programa inclui obras como os documentários A Indústria Cervejeira Em Portugal e A Arte E O Ofício De Ourives (1967/68) e uma "curta” recente, A Rapariga Da Mão Morta (2005), bem como filmes em que Seixas Santos participou como ator (Um Passo, Outro Passo E Depois..., de Manuel Mozos; Inventário De Natal, de Miguel Gomes; O Anjo Da Guarda, de Margarida Gil), argumentista (Hoje Estreia, de Fernando Lopes; Lobos, de José Nascimento) ou retratado (Refúgio & Evasão, de Luís Alves de Matos).





 






Mas o centro da programação é a exibição das cinco longas-metragens realizadas entre 1974 e 2011, nas quais o realizador aborda conceitos de descontinuidade, representação e integração de materiais de diversas origens.

Após a exibição da longa metragem mais recente, O Tempo Passa (2011), concebido sob o mote "de tudo se faz o mundo, segue-se a apresentação da trilogia composta por Brandos Costumes, Gestos & Fragmentos e Paraíso Perdido. Realizados entre 1974 e 1992, estas obras propõem um olhar sobre a Revolução de 1974, o colonialismo e a reação ao fim do salazarismo.

O final da programação dá-se no dia 30 de março com um encontro, às 18h30, que contará com a participação do próprio realizador. Após este evento, o ciclo encerra com a exibição de Mal (1999), longa-metragem que o próprio cineasta descreve como "um olhar sobre o mundo visto a partir de Portugal”, e que João Bénard da Costa, antigo diretor da Cinemateca, considerou "uma súmula de todos os seus temas”.

Consulte aqui o programa completo.

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