A sua carreira
como realizador começa com a produção de documentários institucionais no final
dessa mesma década, sendo que a partir dos anos 70 inicia a produção de curtas
e longas metragens. A obra de Seixas Santos pauta-se por um estilo de realismo
que se cruza com um questionar da natureza da realidade. Os seus filmes
destacam-se pelos finais em aberto e pelos retratos de um Portugal
contemporâneo e em mutação. Elementos que levam a que Seixas Santos se descreva
como "realista utópico”.
Para homenagear esta figura incontornável do cinema português, a Cinemateca está a realizar uma retrospetiva das suas curtas e longas metragens, abrangendo toda a sua carreira e atravessando vários períodos da história do cinema português, desde os anos 60 do século XX até à atualidade.
O programa inclui
obras como os documentários A Indústria Cervejeira Em Portugal e A
Arte E O Ofício De Ourives (1967/68) e uma "curta” recente, A Rapariga
Da Mão Morta (2005), bem como filmes em que Seixas Santos participou como
ator (Um Passo, Outro Passo E Depois..., de Manuel Mozos; Inventário
De Natal, de Miguel Gomes; O Anjo Da Guarda, de Margarida Gil),
argumentista (Hoje Estreia, de Fernando Lopes; Lobos, de José
Nascimento) ou retratado (Refúgio & Evasão, de Luís Alves de Matos).
Mas o centro da
programação é a exibição das cinco longas-metragens realizadas entre 1974 e
2011, nas quais o realizador aborda conceitos de descontinuidade, representação
e integração de materiais de diversas origens.
Após a exibição da longa metragem mais recente, O Tempo Passa (2011), concebido sob o mote "de tudo se faz o mundo”, segue-se a apresentação da trilogia composta por Brandos Costumes, Gestos & Fragmentos e Paraíso Perdido. Realizados entre 1974 e 1992, estas obras propõem um olhar sobre a Revolução de 1974, o colonialismo e a reação ao fim do salazarismo.
O final da programação dá-se no dia 30 de março com um encontro, às 18h30, que contará com a participação do próprio realizador. Após este evento, o ciclo encerra com a exibição de Mal (1999), longa-metragem que o próprio cineasta descreve como "um olhar sobre o mundo visto a partir de Portugal”, e que João Bénard da Costa, antigo diretor da Cinemateca, considerou "uma súmula de todos os seus temas”.